A Ilha Misteriosa - Cap. 28: CAPÍTULO X Pág. 177 / 186

Mas não é tudo... O capitão disse-me que essa parede apresentava já algumas fendas e fissuras que, por força da actividade interna do vulcão, acabarão por abrir. Quando essa parede divisória rebentar, a água da gruta subirá até ao núcleo de fogo e...

- Então está bem! - interrompeu o marinheiro, tentando gracejar. - O mar invade o vulcão, apaga-o e pronto... Está tudo acabado!

- Sim, está tudo acabado! - replicou o engenheiro, gravemente. - No dia em que o mar invadir a chaminé atulhada de gases e matérias eruptivas, nesse dia, Pencroff, a ilha Lincoln explodirá, como explodiria a Sicília, caso o Mediterrâneo entrasse pelo Etna!

Os colonos ficaram mudos. Tinham compreendido o perigo que os ameaçava, mas, para além dos naturais receios, doía-lhes profundamente imaginar a destruição daquela terra, da "sua" fértil e bela ilha! Tantos trabalhos, tantas canseiras... para nada! Pencroff não conseguiu conter as lágrimas.

A têmpera de Cyrus Smith, porém, sobrepôs-se à emoção do momento, impondo ordem e método. Não havia tempo a perder! Importava, mais do que nunca, acelerar a construção do barco e a ela se entregaram os colonos de alma e coração. No dia 23 de Janeiro, metade do casco da escuna estava guarnecido e calafetado. Até esse dia, não se produzira qualquer alteração no cimo do vulcão. A cratera continuava a expulsar gases, fumos, chamas e pedras incandescentes.

De repente, nessa noite de 23 para 24 de Janeiro, cerca das duas horas da manhã, a força das lavas, que entretanto já tinham atingido a parte superior da chaminé, fez saltar o cone superior em forma de chapéu! O estrondo produzido pela queda do bloco de granito com milhares de toneladas foi medonho! Por sorte, o cone inclinava para o norte da ilha e foi para lá que tombou.





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