A Ilha Misteriosa - Cap. 28: CAPÍTULO X Pág. 178 / 186

Os colonos saltaram das camas, crendo que era a própria ilha que explodia. Agora, a cratera era uma bocarra completamente aberta, projectando nos céus uma luz tão intensa, que a própria atmosfera parecia incandescente! Ao mesmo tempo, uma torrente de lava transbordava do cume do monte Franklin e descia em cascata pelas encostas, qual serpente de fogo.

- O curral! - gritou Ayrton.

Com efeito, em consequência da nova orientação da cratera, não só o curral mas também toda a parte fértil da ilha e o bosque do Jacamar estavam no caminho dos rios de lava! Os colonos correram a atrelar os onagros à carroça. Urgia pôr em liberdade os animais encurralados. Pelas três da manhã, abriam de par em par o portão e as cabras e os carneiros precipitaram-se para o exterior a berrar e a balir, tomados de impressionante terror. Uma hora mais tarde, do curral nada restava! O vulcão, descabeçado, sem o "chapéu" do segundo cone, não parecia o mesmo: a cratera descaía agora precisamente para o lado oposto e era mais que evidente que as torrentes de matéria ardente acabariam por chegar ao planalto e à Casa de Granito! Os colonos regressaram pela estrada do curral e encontravam-se agora à beira do lago a olhar para o vulcão, silenciosos. Eram sete horas da manhã do dia 24 de Janeiro.

Cyrus Smith, habituado a ver-se confrontado com situações difíceis e ciente que lidava com homens capazes de encarar a realidade, por mais dura que ela fosse, falou com toda a clareza:

- Ou o lago é capaz de suster esta torrente de fogo, e uma parte da ilha será poupada da devastação completa, ou a lava invadirá tudo e nem uma só árvore, nem uma só planta ficará de pé nesta terra... De qualquer maneira, com vegetação ou apenas rochedos escalvados, o nosso destino está traçado! A explosão da ilha é só uma questão de tempo.





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