A Ilha Misteriosa - Cap. 28: CAPÍTULO X Pág. 179 / 186

Nesse momento, um dos rios de lava chegava à margem ocidental do lago, onde, por sinal, o terreno formava uma elevação, assim uma espécie de aterro.

- Ao trabalho! - gritou o engenheiro.

A ordem foi imediatamente entendida. Tratava-se de reforçar aquela elevação do lado da floresta, de modo a orientar a torrente para o lago. Numa corrida, foram ao estaleiro buscar pás, picaretas e machados, enquanto Nab subia à Casa de Granito a libertar o cão Top. Dentro de poucas horas, os colonos conseguiram levantar um dique de terra e árvores cortadas.

Mesmo a tempo! As matérias liquefeitas atingiam nesse momento a elevação. O dique resistiu e a torrente de lava, inflectindo para a esquerda, precipitou-se no lago! Exaustos, ainda ofegantes do esforço sobre-humano, os seis colonos assistiam àquele espectáculo de uma beleza sinistra, aterrador e simultaneamente magnífico: era a luta tremenda entre os dois elementos... entre o fogo e a água! Esta, em contacto com a lava a ferver, evaporava-se instantaneamente, produzindo silvos agudíssimos e enormes nuvens de vapor que subiam nos ares... A lava, por sua vez, ao cair nas águas frias do lago, solidificava e formava como que rochedos fumegantes que se iam amontoando uns sobre os outros. Mas era uma luta desigual. A água contida no lago acabaria por desaparecer, sem possibilidade de ser renovada, enquanto as matérias ardentes provinham de uma fonte inesgotável, as entranhas do vulcão! O êxito do desvio da enxurrada abrasadora para o lago, se bem que precário, concedia aos colonos mais um tempo de tréguas, talvez alguns dias, já que por enquanto o planalto, a Casa de Granito e o estaleiro estavam a salvo. Era pois urgente aproveitar o melhor possível esse pouco tempo que lhes restava para acabar de calafetar o navio.





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