A Ilha Misteriosa - Cap. 28: CAPÍTULO X Pág. 181 / 186

Iria a ilha aguentar até lá?

- Havemos de conseguir, senhor Cyrus, havemos de conseguir! - repetia Pencroff. - E é tempo de largar, que os ventos do equinócio não tardam aí! Bem, que ao menos possamos chegar à ilha Tabor para passar lá o Inverno... A ilha Tabor depois da nossa bela ilha Lincoln! Ai que desgraça, que desgraça!

- Apressemo-nos - respondia invariavelmente o engenheiro.

Em certa ocasião, Nab perguntou:

- O patrão acha que, se o capitão Nemo fosse vivo, tudo isto podia acontecer?

- Podia sim, Nab - disse Cyrus Smith.

- Pois eu não acredito em tal! - murmurou o marinheiro ao ouvido do negro.

- Nem eu! - concordou este.

Na primeira semana de Março, o monte Franklin sofreu outra alteração... e para pior. A torrente de fogo engrossou subitamente e, tomando outro percurso, começou a dirigir-se para o planalto. Em duas horas, a capoeira, a cavalariça e as culturas tinham desaparecido debaixo da lava.

Outro sinal assustador era a súbita agitação de Top. O cão uivava sem parar, como que pressentindo a proximidade de uma catástrofe ainda maior. Perante tudo isto, os colonos decidiram lançar o barco à água, mesmo inacabado como estava. Pencroff e Ayrton trataram dos preparativos para o lançamento no dia seguinte e foram juntar-se aos companheiros, abrigados na tenda.

Num momento de angústia emocionada, abraçaram-se! Sabiam a vida por um fio e estavam prontos para o desenlace fatal. Nab segurava contra o peito o cofre oferecido pelo capitão Nemo, de que fizera objecto de culto. O dedicado rapaz fora sempre dado a superstições, tendência que os outros, a começar pelo patrão, de há muito tinham desistido de contrariar. Nab fizera questão de trazer o cofre para aquela barraca do estaleiro e só o largava para trabalhar no barco.





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