A Ilha Misteriosa - Cap. 3: CAPÍTULO III Pág. 19 / 186

.. tudo em vão! O desânimo dos dois não podia ser maior.

Eram umas seis horas e o sol começava a desaparecer, quando, finalmente, avistaram Nab e Spilett. Regressavam sozinhos! Conforme contaram, do engenheiro Smith nem um sinal, nem uma pegada; do cão tão-pouco.

O repórter, esgotado e morto de fome, mal conseguia falar; quanto a Nab, de olhos vermelhos de tanto chorar, era a verdadeira imagem do desespero.

Harbert apressou-se a oferecer o único alimento de que dispunham, isto é, uma mão-cheia de litodontes, que tinha apanhado para o caso de não poderem acender o lume. Depois, levou os companheiros exaustos para o interior das Chaminés.

Mais calmo, Spilett estendeu-se no chão. Harbert lembrou-se de lhe perguntar se não teria fósforos.

- Tinha, pois, mas deitei tudo fora... - respondeu o jornalista.

- Senhor Spilett, veja lá bem, pode ter ficado algum. A nós bastava-nos um...

E, de facto, havia um fósforo caído no forro do colete! De repente, aquele pauzinho de madeira, tão vulgar, adquiria uma importância vital para os quatro náufragos. Gedeão Spilett forneceu, ainda, uma folha de papel do seu bloco de apontamentos e Harbert foi encarregado de acender o fogo. Servindo-se de uma pedra áspera, riscou o fósforo com mil cautelas. A chamazinha ateou o papel e logo se propagou aos ramos secos.

Daí a instantes, já um belo lume crepitava, avivado pelo sopro do marinheiro, espalhando um calorzinho agradável por todo o compartimento. Entretanto, o fumo saía na perfeição pela abertura das pedras. Pencroff tomou, então, a seu cargo a preparação da "ceia", isto é, ovos de pombo-bravo cozidos nas brasas.

E assim se passou o dia 25 de Março. Lá fora, a noite caíra por completo. Vencido pela fadiga, Spilett adormeceu estendido a um canto e o jovem Harbert não demorou a seguir-lhe o exemplo.





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