A Ilha Misteriosa - Cap. 4: CAPÍTULO IV Pág. 24 / 186

Spilett ajoelhou-se rapidamente e encostou o ouvido ao peito do engenheiro.

- Está vivo! - gritou ele, após alguns segundos de atenta escuta.

Harbert saiu a correr, voltando pouco depois com o lenço encharcado de água de um regato ali próximo. O repórter humedeceu os lábios de Cyrus Smith, dizendo:

- Vamos salvá-lo!

Em seguida, despiram o corpo inanimado, friccionando-o com quanta força tinham. O engenheiro, reaquecido pela massagem, mexeu ligeiramente os braços, enquanto a respiração retomava um ritmo mais regular.

Com uma alma nova, Nab contou, então, o que lhe acontecera.

No dia anterior, por volta das cinco da tarde, descobrira pegadas na praia que continuavam na direcção das dunas; já seguia as pegadas por umas boas centenas de metros, quando Top lhe apareceu ao caminho e o conduziu até ao dono. Vendo o corpo inanimado, o negro julgara-o morto, mas, mesmo assim, resolvera mandar o cão chamar os companheiros, apontando para sul e repetindo o nome do Sr. Spilett, por ser mais familiar. Agora o que os espantava a todos era o facto de Cyrus Smith não estar ferido, nem sequer apresentar arranhões, o que seria o mais natural depois de ter sido arremessado pelas ondas a uma costa tão rochosa como aquela; e como é que viera parar a esta gruta perdida no meio das dunas, a mais de um quilómetro da praia? Mas as explicações podiam esperar. De momento, o mais urgente era salvar a vida do amigo e, para isso, precisavam de o transportar tão depressa quanto possível para as Chaminés, onde teria calor e alimento. Entretanto, Cyrus Smith abrira os olhos e dava sinal de reconhecer o seu fiel Nab e os amigos. Fazendo um enorme esforço, conseguiu balbuciar as seguintes palavras:

- Ilha ou continente?

- Ora, senhor Smith, o que importa é que esteja vivo! Ilha ou continente? Isso logo se vê! - exclamou o marinheiro.





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