A Ilha Misteriosa - Cap. 14: CAPÍTULO III Pág. 83 / 186

Para completar a obra, Cyrus Smith fez questão que se construísse também um pombal a um canto da capoeira, onde foram metidos doze pombos-da-rocha, os quais, sendo mais domesticáveis que os pombos-bravos comuns, depressa se habituaram ao novo poiso.

Era finalmente chegado o momento de tirar proveito do tecido do balão para fazer roupa branca. Ora tudo dependia do transporte do invólucro até à Casa de Granito, que só poderia ser efectuado na carroça. Mas... e puxá-la!? Um dia, 23 de Dezembro, os colonos, ocupados com trabalhos de forja nas Chaminés, ouviram Nab a gritar no planalto, ao mesmo tempo que Top ladrava... Acorreram imediatamente, receando algum incidente grave. Mas que viram eles? Dois soberbos animais, parecidos com burros grandes e listrados de branco na cabeça, pescoço e tronco. O casal de quadrúpedes avançava tranquilamente, sem o menor sinal de inquietação.

- São onagros! - exclamou Harbert. - São desses quadrúpedes meio-zebras, meio-cavalos selvagens da África Austral!

- Pois para mim são burros e vêm mesmo a calhar! - declarou Pencroff.

Os colonos decidiram deixar o casal de onagros passear em liberdade durante alguns dias e o engenheiro fez imediatamente construir junto da capoeira uma espécie de cavalariça, onde os onagros pudessem ter boa cama e abrigo para a noite. A preocupação de todos é que os animais não se assustassem e se fossem familiarizando com a proximidade de seres humanos.

Enquanto isso, não só foram fabricados arreios e tirantes com fibras vegetais, como foi aberta uma estrada a ligar a margem direita do Mercy ao pequeno porto da costa meridional, onde o balão ficara escondido. A estrada seguia quase a direito pelo interior, tendo à esquerda o pântano dos Tadornos e à direita a orla das grandes florestas que se estendiam até à parte ocidental da ilha Lincoln.





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