A Ilha Misteriosa - Cap. 14: CAPÍTULO III Pág. 84 / 186

Desse modo, o trajecto até ao porto do Balão - assim baptizado pelos colonos - não chegava a cinco quilómetros.

Finalmente, em fins de Dezembro, Pencroff, que ganhara a confiança dos onagros, atrelou-os pela primeira vez à carroça.

Logo que se sentiram presos, os animais trataram de se empinar, estrebuchando de tal maneira, que foi um trabalhão para os segurar. Porém, dali a pouco, acalmaram e desempenharam a contento o serviço que lhes era exigido! Os colonos subiram todos para o carro e, apesar dos saltos e solavancos, chegaram ao destino sem maior obstáculo. Pelas oito da noite, estavam de volta à ponte do Mercy, trazendo o invólucro e as peças restantes do balão.

A primeira semana de Janeiro foi, então, dedicada à confecção da roupa branca de que tanto careciam e as agulhas encontradas no caixote não pararam, empunhadas por mãos hábeis e vigorosas. A linha utilizada na costura foi a mesma que servira para coser o balão, descosida ponto por ponto pelo repórter com uma paciência infinita. Também, por essa altura, se fizeram os tais sapatos de pele de foca, que ficaram deveras confortáveis.

Assim começava o ano de 1866, com continuação de temperaturas altas. Nos últimos dias de Janeiro, Cyrus Smith decidiu que se começassem os trabalhos de construção de um curral na parte central da ilha, junto aos contrafortes do monte Franklin. Era sua intenção alojar aí um número de cabras-monteses e carneiros bravos, que haviam de fornecer lã para as roupas de Inverno. O primeiro passo foi a abertura de uma segunda estrada com uns oito quilómetros, a estrada do curral, que conduzia ao local escolhido, um prado de erva alta e fresca, com um regatinho ali perto. Traçado o perímetro do curral, começaram os colonos por levantar uma paliçada alta e resistente e, a seguir, os alpendres para abrigar os animais.





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