A Ilha Misteriosa - Cap. 16: CAPÍTULO V Pág. 92 / 186

Efectivamente, naquela época do ano as aves aquáticas abundavam nos pauis e convinha renovar as provisões de patos-bravos, narcejas e galinholas.

Cyrus Smith, invocando um trabalho urgente, acompanhou os amigos só até à margem do rio Mercy; depois que eles atravessaram, levantou a ponte e regressou a casa. Na realidade, o trabalho urgente era um projecto antigo que o engenheiro pretendia pôr em prática, logo que surgisse uma oportunidade de ficar só. Tratava-se de explorar o poço por onde, dantes, as águas do lago se escoavam para o mar.

Por que razão se mostrava Top tão inquieto, sempre que se aproximava da boca do poço? Porque ladrava o cão de uma maneira tão estranha? Teria o poço mais aberturas laterais? Ramificar-se-ia ele até outras partes da ilha? - Eis o que Cyrus Smith pretendia descobrir sem alertar os companheiros.

Descer pelo poço não apresentava dificuldade de maior, uma vez que dispunha da longa escada de corda, agora inútil desde a instalação do elevador... Cyrus foi buscá-la e amarrou-a solidamente cá em cima; depois, armado de revólver e faca de mato, empreendeu a descida, segurando na mão um lampião aceso com que ia alumiando as paredes do poço. O granito era compacto e em parte alguma era visível a abertura de um túnel, sequer um simples buraco! Assim chegou ao nível da água, sem ter descoberto nada de suspeito. O engenheiro subiu pela escada de corda, puxou-a, tapou a boca do poço e voltou pensativo ao salão da Casa de Granito. "Não vi rigorosamente nada, e, no entanto, há ali qualquer coisa!", pensava ele.

Nos dias que se seguiram, Pencroff, ajudado por Harbert, aprontou as velas do futuro barco, aproveitando ainda o resistente tecido de algodão do balão. Com o mês de Setembro, o Inverno chegou ao fim e os trabalhos no exterior puderam ser retomados, com especial entusiasmo no tocante à construção do veleiro.





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