A Ilha Misteriosa - Cap. 17: CAPÍTULO VI Pág. 99 / 186

Estavam os dois "caçadores de porcos" em plena actividade, quando dos lados da clareira soou um grito agudo. Era Harbert! O jovem jazia por terra, derrubado por uma criatura selvagem que à primeira vista lembrava um macaco de tamanho considerável! Pencroff e Spilett, ambos cheios de força, agarraram o monstro, obrigando-o a soltar Harbert e depois amarraram-no solidamente.

- Ai se esse macacão te tivesse feito mal, eu nem sei... Mas eu acabo com ele! - exclamou Pencroff, todo exaltado.

- Mas, Pencroff, não é um macaco! - respondeu o rapaz, que se pusera de pé.

Só então os dois atentaram na criatura que tinham preso com cordas. Era uma criatura humana! Um homem! Mas que homem, santo Deus! Cabeleira longa e hirsuta, barba pelo peito, o corpo praticamente nu, a pele enegrecida por muitos sóis e sujidade, um olhar fugidio de irracional, enfim... um autêntico selvagem!

- Eis aqui o nosso náufrago! - disse, por fim, o repórter. -E a que estado chegou, o infeliz... Mas quem quer que seja, ou que tenha sido, é nosso dever levá-lo para a ilha Lincoln.

- Claro que sim! - respondeu Harbert. - E quem sabe se com os nossos cuidados não despertaremos nele qualquer sombra de inteligência...?

Desataram os pés do prisioneiro e obrigaram-no a andar até à praia. A estranha criatura não opôs resistência, nem tão-pouco fez menção de fugir. Limitava-se a caminhar ao lado dos colonos, deitando-lhes olhadelas furtivas e emitindo um assobio contínuo por entre os dentes. O náufrago subiu para bordo e os colonos meteram-no numa das cabicias; Pencroff ficou de guarda. Gedeão Spilett e Harbert voltaram ao interior do ilhéu, para terminar as tarefas interrompidas, e duas horas mais tarde estavam de volta com tudo o que fora combinado levar para a ilha Lincoln.





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