A Rosa do Adro - Cap. 12: CAPÍTULO 12 Pág. 105 / 202

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A baronesa pronunciara esta última frase dos dois amantes com uma tal graça e contentamento, que os dois jovens, envergonhados, tentaram ocultar os rostos purpureados, e nem sequer uma palavra se atreveram a proferir.

A boa senhora, sorrindo-se e parecendo regozijar-se com a confusão dos dois amantes, continuou:

- Então que foi isso? Emudeceram?

- Senhora baronesa... - balbuciou Fernando, sem saber o que havia de responder.

- Ora vamos: - continuou ela - Sejamos francos de uma vez para sempre. Que podem lucrar com o segredo com que tentam envolver as suas relações amorosas? Porventura não são mais sinceros comigo? Porventura não serei merecedora que me confiem os seus afetos e as suas tenções futuras?... Para que querem ocultar-me uma coisa que eu vejo todos os dias?!

- Sra. baronesa - respondeu Fernando com timidez - , nunca ousei revelar a V. Exa. as relações íntimas que de há muito existem entre mim e a Sra. D. Deolinda, porque temia não serem elas bem aceites por V. Exa.. Receei também que uma tal declaração fosse interpretada por V. Exa. como um abuso da amizade com que me honra e se persuadisse que havia intuitos menos puros nas minhas aspirações. São estes os únicos motivos porque tentei sempre ocultar-lhe os afetos das nossas almas, na certeza, porém, de que, mais tarde, lhos havia de declarar, procurando merecer por eles a realização dos nossos desejos. Como, porém, V. Exa. antecipou essa minha declaração, ouso agora confessar-lhe que efetivamente nos amamos de há muito e que o único fim a que aspiramos é à união santa das nossas almas.

- E não me podia ter dito isso há mais tempo, Sr. Fernando? Desculpo-lhe, contudo, as suas apreensões e, longe de as censurar, regozijo-me com elas e louvo-lhas, porque por elas mostra a alma nobre e honrada que possui.





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