A Rosa do Adro - Cap. 13: CAPÍTULO 13 Pág. 123 / 202

persuadir que as relações que existiam entre ambos tinham terminado, toda a gente se convenceu disso, menos eu, porque sabia que esses afetos não podiam assim acabar tão rapidamente; segui-vos passo a passo, e, à noite, quando o Sr. Fernando vinha falar-te ao quintal, eu, ocultando-me por detrás do pequeno muro ouvia tudo o que dizíeis. Foi num a dessas entrevistas, naquela noite de tempestade, que surpreendi o que se passou no teu quarto.

- Mas, meu Deus, que fins tinhas tu com essa constante espionagem?

- Velar pela tua segurança!...

- A minha segurança!... E velaste por ela nessa terrível noite, António?

- Oh! por quem és, não exprobres o meu procedimento nessa ocasião. Não sei o que sentia em mim; quis salvar-te, quis penetrar naquele recinto e arrancar-te às garras do abutre, mas não pude... assim tinha de suceder!...

- Ah! António, tem compaixão de mim!... Já que és senhor desse segredo, guarda-o e não me faças morrer de vergonha.

- Já to jurei, e por isso nada temas.

- Obrigada, António, obrigada... És uma alma generosa, e Deus há de recompensar-te. E, proferindo estas palavras, lançou-se aos pés do rapaz, tentando abraçar-lhe os joelhos.

- Levanta-te, Rosa - exclamou ele cada vez mais comovido -; afastemos de nós as tristezas do passado e pensemos no futuro. Queres aceitar a minha amizade, franca e desinteressada? Queres que te ajude a reconquistar o amor de Fernando?

- António! - exclamou ela assombrada.

- Admiras-te decerto do oferecimento, não é verdade? Eu me explico: "Depois de conhecer que te era completamente indiferente e que nunca me poderias amar, a minha única ambição foi ver-te ao menos feliz e unida a esse outro a quem queres tão cegamente. Deve decerto parecer-te bem extraordinária uma tal resolução, não é verdade?.





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