A Rosa do Adro - Cap. 15: CAPÍTULO 16 Pág. 164 / 202

estado!

- E não se sabe quem foram os autores de um tal atentado?

- Ignoro-o completamente; contudo, o que me parece é que foram alguns salteadores que o quiseram assassinar, para lhe roubarem o pouco que levava, pois efetivamente roubaram-lhe o relógio e cadeia, uma bolsa de prata com dinheiro, os botões da camisa, que eram de ouro, e não sei que mais.

- Que malvados!...

Neste comenos, Fernando começou a recuperar os sentidos, e, ao passo que voltava a si do letargo em que jazera, envolvia num olhar desvairado e amortecido as pessoas que permaneciam em derredor do seu leito, e às quais, ou pelo entorpecimento em que tinha as ideias, ou por estar ainda um pouco senhor de si, não parecia conhecer.

Passados poucos instantes depois de ter recuperado os sentidos, um ataque de tosse veio sufocá-lo, sendo precedido de algumas golfadas de sangue.

O velho facultativo, à vista daqueles sintomas, que lhe pareceram bem significativos, abanou tristemente a cabeça e exclamou de si para consigo:

- Mau sinal!... Parece-me que será impossível escapar...

Demorou-se ainda alguns momentos à cabeceira do doente, e afinal despediu-se, exclamando:

- Logo que venha o medicamento que receitei, ministrar-lho-ão, aos copos, de pouco em pouco, e não o forcem a falar demasiadamente. Como agora se torna desnecessária a minha presença aqui, retiro-me e pela manhã voltarei.

O resto da noite passou-se em torturas e angústias. Ninguém se tinha retirado do lado do ferido, e este conservou-se durante muito tempo delirado, soltando de vez em quando algumas palavras sem nexo. Afinal, pela madrugada, pareceu sossegar, caindo num a sonolência que durou bastantes horas.

Logo pela manhã, a baronesa e a sua filha, avisadas do triste sucesso que se dera durante a noite, correram à herdade e entraram no quarto do enfermo, onde encontraram já o pai e a mãe dele esperando com angústia o despertar daquele sono aterrador.





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