A Rosa do Adro - Cap. 15: CAPÍTULO 16 Pág. 165 / 202

Pelas oito horas da manhã, Fernando entreabriu os olhos, e, ao fixá-los nas pessoas que o rodeavam, pareceu querer erguer-se um pouco do leito, para lhes dizer alguma coisa.

- Deixa-te estar, meu filho, não faças esforços... Como estás?

- Eu!? - respondeu o doente com um leve Sorriso, do qual não podia saber-se a verdadeira significação - Acho-me bom...

- Oxalá assim fosse...

- Então, Fernando - perguntou pelo seu turno a filha da baronesa - , como foi isso?

- Castigos de Deus, Deolinda...

- E não sabes quem foram os autores desse crime?

- Parece-me que conheci um deles; no entanto, não tenho a certeza, porque a escuridão da noite não me permitiu distinguir-lhe bem as feições.

- Mas, nesse caso, seria conveniente fazeres cientes as autoridades das tuas suspeitas, e por elas verificar-se-ia se seriam ou não fundadas.

- Não sei para quê... Não pode haver provas convenientes, e, além disso, que necessidade tenho eu de fazer vexar um homem que pode estar inocente?... Se na verdade ele estiver culpado, Deus o castigará...

A conversa continuou nestes termos durante algum tempo, trocando-se explicações sobre o sucedido, entre o ferido e as pessoas que ali estavam, quando a chegada do facultativo veio interrompê-la.

Aproximou-se este do leito do doente, dirigiu-lhe algumas palavras de conforto, e, quando ia para examinar-lhe a ferida, Fernando disse-lhe que queria ficar só com ele.

Manifestado este desejo do doente às pessoas presentes, retiraram-se elas, deixando os dois a sós.

- Vejamos então agora, meu amigo - exclamou o velho cirurgião - , o que convirá fazer para o seu restabelecimento.

- Ah! meu bom colega, creio que serão desnecessários quaisquer esforços para o conseguir.

- Como?!..





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