A Rosa do Adro - Cap. 16: CAPÍTULO 17 Pág. 170 / 202

Ao entrarem num dos primeiros aposentos, encontraram aí não só os pais de Fernando, mas também a baronesa e a sua filha. Esta, mal avistou a sua amiga, foi-lhe ao encontro, e estreitando-a nos braços, murmurou-lhe ao ouvido em voz sumida:

- Deus nunca se esquece dos infelizes. O coração de Fernando pulsa por ti, neste momento, mais do que nunca: ânimo, pois a pobre rapariga, a quem estas últimas palavras ressoavam como as suaves harmonias de um coro de anjos, sentiu estremecer-lhe a corda mais íntima da sua alma, e o rosto purpureou-se-lhe de um vivo rosado.

Era o primeiro momento de inefável felicidade que sentia desde o último adeus de Fernando: fora uma gota de orvalho caída sobre o cálice da flor ressequida.

Depois de alguns momentos de triste conversa, D. Deolinda, lançando mão do braço da sua companheira de infância, exclamou:

- Agora, Rosa, vamos ver o doente. Foi necessário mandar-te chamar, porque, de contrário, nunca aqui virias: Fernando está ansioso por te ralhar, e com razão.

E, encaminhando-se com a sua amiga por um corredor, parou diante de uma pequena porta que dava entrada para o quarto do doente.

- Agora, minha querida amiga - disse a filha da baronesa - , ânimo, porque deve ser forte a comoção: eu vou reunir-me à tua avó para a preparar para uma surpresa.

E, dizendo isto, imprimiu um beijo nos lábios da jovem e afastou-se precipitadamente.

Rosa ficou por alguns momentos como petrificada diante daquela porta que a separava desse ente estremecido, e mais de uma vez tentou transpô-la, sem o poder conseguir por lhe faltar o ânimo.

Afinal, revestindo-se de toda a coragem de que necessitava, avançou alguns passos resolutamente, e, empurrando levemente a porta, entrou no aposento.

Fernando achava-se meio recostado no leito, com as pálpebras cerradas e como embalado por passageira sonolência.





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