A Rosa do Adro - Cap. 16: CAPÍTULO 17 Pág. 179 / 202

a fazer-me conhecer os meus deveres de homem de bem, aconselhando-me, com o sacrifício do seu amor e das suas esperanças, a unir-me a essa desventurada a quem de direito pertenceria a minha mão de esposo. Grandiosa alma! Sublime coração, digno exemplo para todas essas mulheres que se prezam de virtuosas, de desprendidas das vaidades humanas e superiores aos impulsos da sua vontade!... Se eu, Deolinda, não lhe posso demonstrar em vida a minha gratidão e o respeito que devo à nobreza dos seus sentimentos, creia que no meu coração vai bem gravada a lembrança da ação evangélica que praticou, e que eu, junto de Deus, intercederei pela sua felicidade na Terra, pedindo àquele um prémio para as suas virtudes...

Agora, meus bons pais, nesta hora solene, espero que não me recusareis o vosso consentimento para esta união, que é a minha ambição. Posso, pois, contar com ela?

O auditório estava profundamente comovido: cada uma daquelas pessoas, com a cabeça pendida para o peito e os olhos marejados de lágrimas, parecia vergada ao peso da mais pungente delícia foi com a voz entrecortada de soluços que o atribulado pai de Fernando respondeu:

Cumpra-se a tua vontade, meu filho; nós damos-te o consentimento que pedes.

- Obrigado, muito obrigado, meu querido pai - respondeu o rapaz; depois, dirigindo-se à avó de Rosa:

- Também não recusa o seu consentimento?..

- E poderia eu negar-me a um tal pedido? - respondeu a desolada velha, banhada em lágrimas.

- Agora, Deolindinha - continuou o jovem - , encarrego-a dos preparativos destas tristes núpcias. O que lhe peço é que a cerimónia se efetue ainda hoje; sinto-me tão falto de forças...

- Serão prontamente satisfeitos os seus desejos, Fernando. Vou tratar de tudo, e brevemente unir-se-á a este anjo.





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