A Rosa do Adro - Cap. 5: CAPÍTULO 5 Pág. 25 / 202

quem será digna de mim, senão tu, a quem amo tão loucamente? Que me importa que tu sejas pobre? Acaso não me deu a Providência o bastante para vivermos felizes? Olha, minha Rosa, para mim possuis tu os dotes mais preciosos que uma mulher pode ambicionar. As tuas riquezas são esses olhos, que roubaram a cor azul do céu; são esses cabelos de ouro; são esses lábios finos como pétalas de uma rosa; são essas faces de cetim; são finalmente os sentimentos desse teu coração virgem. Aparta, pois, de ti tão tristes apreensões; ama-me desassombradamente e com todas as forças da tua alma, porque eu também te amo muito!

A pobre jovem ouvira como extasiada aquela linguagem ainda desconhecida para ela, mas que tão direita lhe ia ao coração, e, ao levantar o rosto purpureado para Fernando, exclamou com ar de descrença:

- Ah, Sr. Fernandinho, prouvera a Deus que essas últimas palavras fossem verdadeiras...

- Sempre a dúvida, sempre a dúvida! - atalhou Fernando em tom amargurado. - Não haverá meio de te convencer de uma vez para sempre da pureza dos meus afetos e da sinceridade das minhas promessas?

- Perdoe-me, Fernandinho; mas há felicidades tão imensas, há venturas tão supremas, que uma pobre rapariga como eu, quando chega a pensar nelas, olha-as mais como um sonho do que como um facto que possa realizar-se. Daí partem todas as minhas dúvidas, todos os meus receios.

- Pois impele-os para longe de ti, minha Rosa; e, se queres provas mais convincentes, pede-me o maior dos sacrifícios, porque te obedecerei como um escravo; dessa forma não te restará a mais pequena dúvida do meu amor, amar-me-ás sem receio, e convencer-te-ás da realidade de todas essas felicidades e venturas que crês impossíveis. Rosa, por quem és, não dilaceres este meu pobre coração com a descrença e a dúvida; jura que me amas; abre-me sem receio a tua alma; deixa-me ler nela os inefáveis gozos que a anseiam.





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