A Rosa do Adro - Cap. 1: CAPÍTULO 1 Pág. 4 / 202

Não havia esfolhada, sarau ou festa para que não fosse convidada, sendo sempre a mais obsequiada em toda a parte onde aparecia.

Finalmente, a Rosa do Adro era a alegria e o enlevo de toda a gente. A rainha, o tudo daqueles lugares.

Quanto ao seu viver doméstico, era ele o mais simples e regular possível.

Só com a sua avó, não carecia de grandes haveres para se sustentar a si e a ela.

Não tinham o mais pequeno rendimento, mas o trabalho de Rosa dava o suficiente para que ambas pudessem viver sem privações de espécie alguma. A bela rapariga era costureira de profissão, e, como por aqueles arredores não havia quem, melhor do que ela trabalhasse ou fizesse um vestido, uma jaliota, uma capa ou outro qualquer adorno feminino, não lhe faltava por isso nunca que fazer.

Além disso, como tivesse um gosto especial para aquele género de trabalhos, tornara-se de há muito a mais acreditada modista do pequeno mundo elegante da localidade, sendo ela a que inventava as modas e as punha em prática nas obras que lhe mandavam fazer, consistindo tais novidades em dar esta ou aquela forma a qualquer objeto de vestuário, e em aumentar ou diminuir uma prega, um folho ou uma fita num a saia, vestido, ou capa.

Relativamente a namoros, como geralmente se diz, Rosa não tinha nenhum certo. Falava com a mesma afabilidade e com o mesmo agrado para todos os rapazes da aldeia, sem contudo patentear mais pronunciada deferência por qualquer deles. O seu coração, despreocupado e juvenil, parecia inabalável e insensível aos mais ternos olhares e às mais ardentes declarações, e isso dava incentivo a algumas pessoas de a acoimarem de presunçosa e soberba.

Rosa, porém, nada disso tinha: o seu coração, ainda pouco impressionável e talvez um tanto





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