A Rosa do Adro - Cap. 7: CAPÍTULO 7 Pág. 48 / 202

Foste, pois, leviana na escolha: ouviste-o, acreditaste-o e consagraste-lhe o teu amor. De há muito sabia eu dessas relações, mas nunca me tinha oposto a elas, porque não julgava que tomassem tanto vulto nem dessem tanto que falar e criticar na aldeia; ainda para mais, ignorava que tu em tão pouco tempo pudesses ganhar-lhe uma tal afeição!... Mas, como já disse, estamos ainda em tempo de tudo remediar; bem sabes o que se tem dito por aí, e portanto é necessário que termines tais relações e que nunca mais tornes a falar a esse rapaz.

Rosa ouvira impassível os conselhos da sua avó, mas, às últimas palavras, as suas faces de novo se inundaram de lágrimas. A pobre velha, também cada vez mais comovida, afagava-lhe o rosto, e, quando a viu mais sossegada, exclamou em tom quase suplicante:

- Vamos, Rosa, sê forte; o teu amor está ainda em princípio, e por isso melhor se poderá atalhar; são dois ou três dias de saudade e de tristezas, mas depois esquecê-lo-ás. É necessário este sacrifício, minha filha, e, se não me queres dar um grande desgosto, faz-me o que te peço. Crê que o Sr. Fernando nunca casaria contigo, porque ele apenas o que deseja é passar algum tempo e divertir-se; tu, como mulher que és, não pensas assim, e daqui a pouco ter-lhe-ias uma afeição que poderia trazer consigo graves consequências.

Vamos: fazes-me o que te peço? Nunca mais te importarás com esse rapaz?

Rosa meditou algum tempo e afinal respondeu a custo:

- Farei tudo quanto puder para a não desgostar, minha avó.

Estas palavras foram recebidas com a maior alegria pela velha: abençoou sua neta e confortou-a durante alguns momentos, para melhor a dissuadir daquela paixão.

Por uma notável coincidência, Fernando, nesse mesmo dia, quando ia a sair





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