A Rosa do Adro - Cap. 7: CAPÍTULO 7 Pág. 57 / 202

- Melhor ainda. Pois é aí no teu quintal, que poderemos falar todas as noites, sem ninguém o saber.

- No quintal?!...

- Sim. Ouve o meu plano: de hoje para o futuro, o nosso amor terminou aparentemente, isto é, eu deixarei de passar à tua porta e ainda que nos encontremos, não nos dirigimos uma só palavra, nem sequer um olhar, de modo que toda a gente se persuada que efetivamente as nossas relações terminaram. Todas as noites, porém, por volta da uma hora, entrarei na bouça e saltarei daí ao teu quintal, e, a um sinal convencionado - um assobio que imitará o canto de uma ave, por exemplo - , tu agasalhar-te-ás, abrirás a porta do teu quarto com toda a cautela e dirigir-te-ás para junto do castanheiro, do fundo do quintal, onde me deves encontrar. Creio ser este o único meio e o mais seguro de que podemos lançar mão.

Rosa ficou pensativa por algum tempo e o seu silêncio foi interpretado por Fernando quase como uma recusa.

- Então não respondes? - perguntou Fernando. - Acaso recusarás?

- Oh, não, não! Nada recusarei, porque prometi obedecer-lhe; mas, se alguém vem a saber...

- És louca, minha Rosa! Pensas que eu não procederei com toda a prudência'?

- Pois bem: entrego-me nas suas mãos, Sr. Fernandinho; quero dar-lhe todas as provas de que o amo como nenhuma outra o amaria.

- Obrigado, Rosa, pela tua dedicação. Amanhã, pois, comecemos as nossas novas entrevistas. Agora vai para casa, porque já te demoraste bastante e pode tua avó dar pela tua ausência.

- Tem razão, Fernandinho, retiro-me. Adeus, até amanhã. Muito cuidado e segredo é o que lhe peço.

- São desnecessárias essas recomendações, amor. à uma hora, não te esqueças.

Apertaram-se as mãos; Rosa retirou-se e em breve desapareceu por entre o labirinto do pinhal.





Os capítulos deste livro