A Rosa do Adro - Cap. 8: CAPÍTULO 8 Pág. 62 / 202

Calculei bem esse passo e sei quão perigoso é para mim; no entanto, apelo para o seu brio e generosidade. Fernandinho, por quem é, respeite a minha honra e não abuse da fraqueza de uma mulher que se lhe abandonou cegamente!

E, ao proferir estas palavras, a pobre rapariga rojou-se aos pés de Fernando, sufocada pelo choro.

O jovem pareceu cair em si, e, levantando-a com ternura, fê-la sentar outra vez, dizendo:

- Nada temas de mim, Rosa. Apesar de muitas vezes não podermos sofrear os impulsos da paixão que nos devora, tornar-me-ei bastante forte para os domar e respeitar-te. Para o teu próprio sossego, vou fazer-te um juramento que te porá a salvo de qualquer eventualidade: Rosa, meu querido anjo, perante ti e perante Deus que nos ouve, juro-te que, desde este momento, te considero minha esposa e que a minha mão, o meu futuro, a minha vida, a ninguém mais pertencerão senão a ti, suceda o que suceder!...

- Oh! obrigada, Fernandinho, obrigada! Tirou-me do coração um peso horrível que de há muito me atormentava! - exclamou Rosa, lançando-se, louca de alegria, nos braços do seu amante.

Neste momento, uma ave negra voejou por sobre a cabeça dos dois amantes, soltando um grito lúgubre e prolongado.

Rosa estremeceu e aconchegou-se, cheia de medo, a Fernando, exclamando ao mesmo tempo:

- Meu Deus, que horrível agouro!...

Fernando, que nada tinha de supersticioso, também estremeceu, parecendo que o eco daquele grito monótono fora morrer no fundo da sua alma. Depressa, porém, se arrependeu secretamente da sua fraqueza, e, tentando sossegar a sua amante, que, transida de susto, ainda se conservava presa aos seus braços, exclamou:

- Então, Rosa, que é isso? De que te assustas? Sossega, filha, nada há de extraordinário neste pequeno incidente.





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