A Rosa do Adro - Cap. 9: CAPÍTULO 9 Pág. 73 / 202

- Mistério, tudo mistério!... - exclamou o rapaz, que ficou por alguns momentos pensativo. - E ser-me-á ao menos lícito vigiar pela sua segurança, pela sua honra? - interrogou ele, afinal.

- Ninguém te pode negar esse direito; é até talvez um dever teu...

- Pois bem, ao menos restar-me-á essa consolação. Parece-me até que já a não amo, e que o meu único desejo é vê-la feliz... Desgraçado dele, se tentasse!...

- É verdade: mas quem é esse outro, a quem ela ama?

- É o Sr. Fernando, o filho do Capitão, que há pouco chegou.

- Ah, sim?!... Oh, mas ele parece ser um bom jovem e não creio que seja capaz de causar a desgraça da pobre rapariga.

- Pode ser que assim suceda, mas tenho motivos para desconfiar das suas intenções.

- Pois faz o que entenderes. Mas prudência... Sobretudo lembra-te sempre do que há pouco te disse: Rosa nunca poderia ser tua mulher!

- Tenho plena confiança no Sr. padre Francisco e por isso creio no que me diz. Ordena mais alguma coisa?

- Mais nada, António. Vai com Deus.

O jovem saiu da sala, desceu à quinta e, caminhando ao acaso, começou a barafustar sobre o que acabava de suceder.

- Mas que motivo - dizia ele de si para consigo, caminhando vagarosamente e com a cabeça baixa - que motivo tão imperioso haveria que pudesse impossibilitar o meu casamento com Rosa, se por acaso nos amássemos?!... Ela é virtuosa, prendada, boa mulher de casa, possui todas as qualidades para ser boa esposa e boa mãe... Há efetivamente aqui um grande mistério. E qual é ele? Ignoro-o... Mas o Padre Francisco é incapaz de mentir, e se não houvesse uma barreira entre mim e Rosa, se não existisse uma completa impossibilidade, ele decerto não se oporia nunca a uma união que me poderia tornar verdadeiramente feliz.





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