A Rosa do Adro - Cap. 9: CAPÍTULO 9 Pág. 80 / 202

- Ó tia Brígida - perguntou Josefa - , pois isso é verdade?

- Tão verdade como eu estar agora a falar com vocês.

- Mas o rapaz - atalhou Antónia - o que mostra nisso é ser um toleirão. Pois não haverá mais mulheres por esse mundo?

- É verdade, é - respondeu a velha Brízida - , mas que querem? São tolices a que a mocidade anda sujeita: o rapaz gostava dela já de há muito e julgava-a bem segura; vai senão quando aparece um figurão bem parecido, e, num momento, zás! rouba-lha sem mais satisfações. Ora isto, na verdade, é para dar cavaco, mas não tanto que faça andar um homem por aí a cair da boca à morte. Enfim, o António sabe os motivos que tem para andar assim; cá pela minha parte só digo que ele é um grande tolo.

- Mas, ó tia Brígida, o filho do Capitão também já a não deixou?

- Há mais de oito dias, creio eu.

- Então o rapaz podia agora tornar a pegar o namoro, uma vez que lhe tem tanta afeição...

- Vontade tinha ele, me parece, mas ela é que creio não estar pelos autos.

- Olha o demo da lambisgoia! Já viram? - exclamou Josefa. - Aquilo também só para fidalgos é que serve; os rapazes da lavoura já lhe não fazem conta. Some-te, diabo!

- Está bem aviada! - atalhou Antónia. - Olhem o filho do Capitão a trela que lhe deu!... O que ele queria era divertir-se e mais nada; e o mais bonito da coisa é que a rapariga estava tão convencida que o morgado casava com ela, que nem cavaco dava às amigas.

- Coitada! - acrescentou Josefa. - Andava tão inchada que nem que trouxesse o rei na barriga... Mas também foi bem feito: agora que torne a falar para ricaços, se não lhe aproveitou a lição...

- Para filho meu é que não a queria nem pintada! - exclamou a tia Maria. - Aquilo só serve para comer e estar no poleiro; não é mulher para ajudar o homem.





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