A Rosa do Adro - Cap. 10: CAPÍTULO 10 Pág. 86 / 202

- Bem o sei, Rosa; mas eu vim apenas para te ver e dar-te um beijo. Agora que satisfiz essa pequenina ambição, retiro-me.

- Mas eu não queria que se fosse já embora! Desejava tê-lo mais um pouco ao pé de mim.

- É impossível! Não vês que já estás toda molhada e que isso pode fazer-te mal?

- Não tem dúvida: eu mudarei de roupa; não se retire já.

Ao pronunciar estas palavras, um trovão, mais forte que todos os outros, estalou com horrível estampido, e uma faísca elétrica, que imediatamente lhe sobreveio, caiu a pouca distância dos dois amantes. partindo os galhos de uma árvore.

- Jesus! - exclamou Rosa, aterrorizada e segurando-se nervosamente aos braços de Fernando.

- Sossega, não foi nada - respondeu este, tentando tranquilizá-la - já vês que é impossível continuarmos a estar aqui por mais tempo; a chuva cada vez engrossa mais, a trovoada parece começar agora, e, portanto, vai para casa e amanhã voltarei. Adeus.

- Então adeus - respondeu a rapariga, reclinando tristemente a cabeça sobre o ombro de Fernando e beijando-lhe as mãos.

- Vamos, vamos - continuou ele, tentando desenvencilhar-se dos braços de Rosa.

- Olhe, Fernandinho - exclamou ela subitamente - , eu não queria que se retirasse já, e aqui é impossível permanecermos. Pois bem: há um lugar em que poderemos estar abrigados do temporal.

- Então onde?

- Acolá, no meu quarto.

- No teu quarto?!

- Sim, sim, venha depressa - e, tomando um dos braços do rapaz, obrigou-o a segui-la, sem mesmo lhe dar tempo a proferir a mínima palavra.

Chegados, porém, à porta da habitação, Rosa parou subitamente, como se lhe tivesse atravessado a mente uma ideia qualquer, e com a voz comovida exclamou:

- Fernandinho, antes de entrar neste aposento, queria fazer-lhe um pedido.





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