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Capítulo 16: Capítulo 16

Página 136

À altura da queda e ao ímpeto das águas ajuntava-se o agudo dos rochedos, entre os quais o rio, escumando, se estorcia e despedaçava.

Ao partir de Covadonga e ao dirigir-se para o campo de Abdulaziz, os cavaleiros cristãos tinham rodeado o Vínio, seguindo mais ao oriente; mas, habituados, nas suas contínuas correrias, a discorrerem pelos atalhos e carris das montanhas, de antemão previam que, no caso de levarem a cabo a temerária empresa que cometiam, a agrura da serra seria a sua melhor defesa contra a perseguição dos árabes. Assim delinearam o caminho que deviam seguir na fuga, vindo atravessar o Sália, já perto do seu esconderijo, naquela espécie de passo fortificado, conhecido ainda entre os Godos pelo nome de Castrum Paganorum ou arraial dos pagãos.

Foi justamente ao tingir-se o céu da faixa avermelhada que precede o surgir do Sol, que dois cavaleiros galgaram ao galope a ladeira que dava acesso para as ruínas do castro romano. No meio deles, cavalgando também um alazão ágil e ao mesmo tempo robusto, uma dama vestida de branco parecia mal poder já manter-se na sela, segurando- se umas vezes ao arção, outras às crinas flutuantes do valente animal. Eram Hermengarda e os seus dois guardadores que chegavam, finalmente, às margens do Sália. Pouco devia tardar o instante em que a formosa irmã de Pelágio achasse, depois de tantos perigos e terrores, abrigo e paz nos rudes paços de seu esforçado irmão.

Mas a corrida violenta e incessante por sendas montuosas e ásperas tinha exaurido as forças da filha de Fávila, como os sucessos por que passara desde que partira de Tárraco lhe tinham quase aniquilado as do espírito. Ao chegar ao meio daqueles restos do acampamento romano sentia-se desfalecer de cansaço, ao passo que a febre e a sede lhe devoravam as entranhas. Os dois cavaleiros, olhando para ela, viram-lhe, com a luz da alvorada, as faces tintas de palidez mortal. Às vezes, durante o caminho e, sobretudo, nos sítios mais altos, quando as lufadas do norte acalmavam momentaneamente, percebiam ao longe um débil ruído, soturno e contínuo, que se assemelhava ao tropear de cavalos; mas havia horas em que apenas sentiam o estrupido do galopar dos próprios ginetes, bem que o vento houvesse caído de todo na antemanhã.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 136

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176