Eurico, o Presbítero - Cap. 20: Capítulo 20 Pág. 179 / 186

Destas mudanças, aquelas que apenas consistiam no aumento ou diminuição de uma letra, ou na diversidade das desinências, podiam, talvez, ser admitidas sem darem um aspecto anacrónico ao livro. Outros nomes, porém, havia, sobretudo nas designações corográficas, tão completamente alterados, que me repugnava o substituir o moderno ao antigo. Assim Toletum, Emérita seriam sem dificuldade representados por Toledo e Mérida; mas, como substituir, sem anacronismo na expressão, Sevilha a Híspalis, Leão a Légio, Guadalete a Chrysus, e, finalmente, Burgos a Augustóbriga, quando, como neste caso, até a situação da moderna cidade não é exactamente a da antiga povoação? Preferi, portanto, conservar os nomes primitivos, os quais, não influindo de modo algum na ordem e clareza da narrativa, podem facilmente encontrar-se em qualquer dicionário ou tratado de geografia antiga.

Aos nomes individuais dos primeiros visigodos procurei conservar, quando aludi a eles, os vestígios da origem gótica: aos dos personagens do meu livro conservei as formas alatinadas que se encontram nos monumentos contemporâneos, porque, segundo todas as probabilidades, já nesta época o elemento romano de todo havia triunfado na língua.»

Gardingo na corte de Vitiza, depois de ter sido tiufado ou milenário do exército visigótico. «Uma das cousas mais disputadas na história das instituições góticas é a natureza dessa classe de indivíduos, que tantas vezes figuram nos monumentos daquelas épocas, chamados gardingos (gardigg em língua gótica). Masdeu e com ele Romey, que o traduz quase sempre acerca da história dos Visigodos, posto que não o cite senão neste lugar, são de parecer que o gardingato não era um título de nobreza, mas do cargo de substituto do duque (governador de província), como o vicarius o era do conde (governador de cidade). Aschbach deriva a palavra de gards, que significa solar com terras adjacentes, e parece querer confirmar assim a opinião de Vóssio, que pretendia fossem os administradores ou almoxarifes dos palácios reais, opinião que seria muito difícil de sustentar à vista de vários monumentos hispano-góticos.





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