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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 58

— Vencedor dos Vascónios — gritou, rindo diabolicamente, o conde de Septum —, olha por ti! Nas margens do Chrysus não há taças de vinho, como aquela com que te embriagavas nos paços do teu senhor. Aqui o que corre é sangue! Teodemiro tinha já desencravado a espada do escudo de Juliano, em que ficara embebida. Rapidamente ela descera de novo guiada pela raiva de que abafava o guerreiro. O golpe quebrou o escudo já falsado e bateu no elmo brilhante do conde, com tal fúria, que este perdeu a luz dos olhos e, curvando-se para diante, abraçou- se ao colo do cavalo, quase sem sentidos. Outra vez que o duque de Córdova vibrasse o ferro, Juliano estava perdido: o caminho da morte lá lhe ficara indicado no elmo.

— Que olhas para o chão, traidor? — disse Teodemiro, com voz trémula de cólera e de escárnio e segundando o golpe. — É a terra da pátria que vendeste aos infiéis como tu!

O ferro, porém, não pôde chegar à cimeira do capacete do conde. Outro ferro, seguro por mão robusta, se meteu de permeio. Era a espada de Mugueiz, o qual, passando, vira o perigo iminente do seu amigo e correra para o salvar. Então Teodemiro voltou-se contra o renegado, e um violento combate se travou entre ambos. Mugueiz não era menos destro que o príncipe da Bética. Mais membrudo e robusto que ele e, além disso, ainda não ferido, a vantagem era toda sua; mas o esforço de Teodemiro supria essa inferioridade.

Entretanto Juliano recobrara o alento; a vergonha, o despeito, a sede de vingança estorciam-lhe o coração. O nobre ginete em que cavalgava, sentindo seu senhor semimorto, tinha corrido espantado até onde a multidão de cristãos e árabes, travados em peleja sanguinolenta, lho consentia. O conde, cravando-lhe os acicates, com a espada erguida na mão, arremessou-o para o lugar onde o duque de Córdova pelejava com Mugueiz. Era um feito covarde: mas que importava a Juliano a desonra? Assinalado com o ferrete indelével de traidor, havia-se habituado a viver para um sentimento único — a vingança. E a vingança era quem o impelia.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176