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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 60

Mas o cavaleiro desconhecido havia passado através da hoste goda e chegara à dianteira dos árabes. Com a maça jogada às mãos ambas abolava e rompia as armas mais bem temperadas, e as puas, entrando pelas carnes dos que se lhe punham diante, iam esmigalhar-lhes os ossos. Por onde ele atravessava, nem as fileiras se uniam, nem os godos achavam adversários. Como a charrua, tirada com violência em chão batido de planície, deixa após si grossas glebas revolvidas, assim aquela arma irresistível deixava, ao passar, uma larga cauda de cadáveres entretecida de moribundos debatendo-se em terra. Os godos, espantados, perguntavam uns aos outros quem seria aquele temeroso guerreiro; mas entre eles ninguém havia que pudesse dizê-lo. Se combatesse pelos muçulmanos, crê-lo-iam o demónio da assolação; mas, pelejando pela Cruz, dir-se-ia que era o arcanjo das batalhas mandado por Deus para salvar Teodemiro e, com ele, os esquadrões da Bética.

No instante em que o cavaleiro negro chegou ao lugar onde já o duque de Córdova só procurava amparar-se contra Mugueiz e Juliano, este, cego de furor, descia com segundo golpe: a espada, porém, voou-lhe das mãos em pedaços, batendo na maça do cavaleiro negro, que, deixando depois cair a pesada borda ao longo do efípio, ergueu o franquisque e, descarregando-o sobre o ombro do renegado, lhe fez uma ferida profunda. A dor arrancou um brado a Mugueiz, a cujo som o seu ginete amestrado o arrebatou para o meio dos árabes, e Juliano, vendo-se desarmado, fugiu após ele. Então o desconhecido disse a Teodemiro algumas palavras sumidas e, sem esperar resposta, internou-se outra vez no meio dos esquadrões agarenos.

Desde este momento a ala direita dos muçulmanos começou de afrouxar, porque Mugueiz, malferido, se retraíra para o acampamento. Alguns xeiques ilustres jaziam moribundos ou mortos às mãos do cavaleiro negro, que parecia escolher as suas vítimas entre os mais nobres guerreiros do Islame. Animados por ele, os godos, cobrando novos brios, procuravam imitá-lo e arremessavam-se destemidos através da hoste inimiga, que debalde procurava resistir à torrente. Os sinais da vitória dos godos eram já dolorosamente certos para os muçulmanos.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 60

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176