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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 88

As grades fechadas interiormente balouçam aos empuxões de Suíntila: mas não cedem.

— Ocba — diz o godo a um dos xeiques —, correi! Chamai os mais robustos zenetas e os negros de Tacrur armados dessas achas a cujo primeiro golpe nunca resistiu elmo de bronze. Prestes! chamai- os aqui; Abdulaziz deve ter chegado. Que venha! Mulher infernal lhe vai destruindo peça a peça os despojos mais ricos, os que ele destinava para si e para o califa. Que venha salvá-los! Que venha! Prestes, xeique de Hoara!

E, enquanto o xeique galga a extensa escadaria, os três tentam muitas vezes fazer estourar os grossos ferrolhos, que resistem às suas diligências. Arquejando, Suíntila abandona a tentativa inútil. Ameaça Cremilde: as injúrias acompanham as ameaças; seguem-nas as súplicas, as promessas, e logo, de novo, as pragas e as afrontas. Baldado é tudo. Cremilde lançou ao renegado um olhar de compaixão e conservou-se em silêncio.

Mas os cânticos cessaram de todo: as monjas saem sucessivamente de ambos os lados e vêm ajoelhar aos pés da abadessa: vêm despir as galas da formosura e comprar à custa delas a pureza da virgindade e a palma do martírio. Cada vez mais rápido range o punhal nos colos puríssimos das virgens do mosteiro. O gemido que expira comprimido pela constância já se prende com o que a dor e a fraqueza mulheril arrancam do seio das vítimas ao descer do primeiro golpe, e a fileira das que se vão debruçar sobre os degraus do altar cresce de instante a instante, ao passo que rareiam as outras duas.

A terrível sacerdotisa parou. Está o seu braço cansado de tão largo sacrifício? Não! Braço e ânimo são robustos, porque os fortalece o espírito do Senhor. É que o momento supremo da morte se aproxima. A mourisma jorra subitamente pelo portal estreito, como o rio caudal na caverna que se lhe estendia debaixo do leito e cuja abóbada fendeu tremor de terra. Os guerreiros negros das tribos de Tacrur, à voz de Abdulaziz que os precede, precipitam-se contra os sólidos cancelos do lugar vedado: vinte machados ferem a um tempo nas grades, que gemem sob a fúria dos golpes e mal resistem às pancadas violentas dos negros possantes, aos quais redobra os brios a presença do amir, cuja cólera resfólega em maldições e blasfémias.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 88

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176