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Capítulo 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL

Página 104
demasiado ligeiro para que o possamos apreciar, pode ser proveitoso a uma abelha ou outro insecto, de modo que um indivíduo assim caracterizado seria capaz de obter o seu alimento mais rapidamente, tendo assim mais hipóteses de sobreviver e deixar descendentes. Os seus descendentes herdariam provavelmente a tendência para um semelhante desvio ligeiro de estrutura. Os tubos das coro las nos trevos vermelhos e encarnados comuns (trifolium pratense e incarnatum) não parecem à primeira vista diferir em comprimento; porém, a abelha comum pode facilmente sugar o néctar do trevo encarnado, mas não do trevo vermelho comum, que é visitado apenas por zângãos; pelo que vastos campos de trevo vermelho oferecem em vão uma reserva abundante de precioso néctar à abelha comum. Assim, pode ser uma grande vantagem para a abelha comum ter uma probóscide ligeiramente maior ou com uma estrutura diferente. Por outro lado, descobri experimentalmente que a fertilidade do trevo depende em grande medida de as abelhas o visitarem e deslocarem partes da corola, de maneira a empurrar o pólen para a superfície estigmática. Pelo que, mais uma vez, se os zângãos se tornassem raros em qualquer região, poderia ser uma grande vantagem para o trevo vermelho ter um tubo da corola mais curto ou mais acentuadamente dividido, de modo que a abelha comum pudesse visitar as suas flores. Portanto, consigo compreender como uma flor e uma abelha poderiam lentamente, simultânea ou sucessivamente, modificar-se e adaptar-se uma à outra de uma maneira tão perfeita quanto possível, pela preservação contínua dos indivíduos que apresentam desvios de estrutura mútuos e ligeiros.

Estou bem ciente de que esta doutrina da selecção natural, ilustrada nos exemplos imaginários

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pág. 104 (Capítulo 5)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 104

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491