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Capítulo 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL

Página 107
Muitas flores, por outro lado, têm os seus órgãos de frutificação muito bem fechados, como na grande família das Papilionáceas ou das ervilheiras; mas em muitas dessas flores, talvez em todas, há uma adaptação bastante curiosa entre a estrutura da flor e a maneira como as abelhas sugam o néctar; pois, ao fazê-lo, ou empurram o pólen da própria flor sobre o estigma, ou trazem pólen de outra flor. Tão necessárias são as visitas das abelhas às flores das Papilionáceas que encontrei, através de experiências publicadas alhures, que a sua fertilidade é muito menor se se impedir estas visitas. Ora, é quase impossível que as abelhas voem de flor para flor sem transportar pólen de uma para a outra, para o maior benefício, segundo creio, da planta. As abelhas comportar-se-ão como um minúsculo pincel, e basta tocar as anteras de uma flor e depois o estigma de outra com o mesmo pincel para garantir a fertilização; mas não podemos supor que as abelhas produziriam desta maneira uma multidão de híbridos entre espécies distintas; pois ao usar no mesmo pincel o pólen da própria planta e o pólen de outra planta, o primeiro terá um efeito de tal maneira predominante que destruirá invariável e completamente, como mostrou Gârtner, qualquer influência do pólen alienígena.

Quando os estames de uma flor brotam subitamente na direcção do pistilo, ou se movem lentamente um após outro na sua direcção, o engenho parece adaptado apenas para garantir a autofertilização; e sem dúvida que é útil para este fim: porém, a acção dos insectos é muitas vezes necessária para fazer os estames saltar para a frente, como Kõlreuter mostrou suceder com a uva-espim; e, curiosamente, neste mesmo género, que parece dispor de um engenho especial para a autofertilização; é sabido que plantando perto umas das outras formas ou variedades intimamente próximas, dificilmente será possível criar plantas jovens puras, a tal ponto se cruzam naturalmente.

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 107

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491