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Capítulo 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL

Página 106
Mas há ainda muitos animais hermafroditas que certamente não acasalam por hábito, e uma vasta maioria de plantas são hermafroditas. Que razões temos, perguntar-se-á, para supor nestes casos que a reprodução envolve sempre a cooperação de dois animais? Dada a impossibilidade de entrar aqui em detalhes, tenho de me limitar a algumas considerações gerais apenas.

Em primeiro lugar, recolhi um conjunto bastante vasto de factos que mostram, conforme a crença quase universal dos criadores, que nos animais e nas plantas um cruzamento entre diferentes variedades, ou entre indivíduos da mesma variedade mas de linhagens diferentes, confere vigor e fertilidade à prole; e, por outro lado, que um cruzamento consanguíneo próximo diminui o vigor e a fertilidade; que só estes factos me dispõem a acreditar que corresponde a uma lei geral da natureza (por muito completamente ignorantes que sejamos acerca do significado dessa lei) o facto de nenhum ser orgânico se autofertilizar durante uma eternidade de gerações; mas que um cruzamento com outro indivíduo é aqui e ali - talvez com intervalos bastante longos - indispensável.

Com base na crença de que se trata de uma lei da natureza, podemos, segundo creio, compreender diversas classes numerosas de factos, tais como a que se segue, que são inexplicáveis sob qualquer outra perspectiva. Todo o hibridizador sabe como a exposição à humidade é desfavorável à fertilização de uma flor, porém quantas multidões de flores têm as suas anteras e estigmas completamente expostas ao clima! Mas se um cruzamento ocasional é indispensável, a mais plena liberdade para a entrada do pólen de outro indivíduo explicará este estado de exposição, sobretudo na medida em que as anteras e o pistilo da própria planta se encontram em geral tão próximos que a autofertilização parece quase inevitável.

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pág. 106 (Capítulo 5)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 106

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491