A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 114 / 524

Ainda que ocorram apenas a intervalos longos, estou convencido de que a cria assim gerada ganhará muito em vigor e fertilidade sobre a prole resultante de uma autofertilização prolongada, que terão maior probabilidade de sobreviver e propagar o seu tipo; e assim, a longo prazo, a influência dos entrecruzamentos, mesmo em intervalos esparsos, será enorme. Se há seres orgânicos que nunca entrecruzam, a uniformidade de carácter pode neles ser preservada, desde que as suas condições de vida permaneçam as mesmas, só através do princípio da hereditariedade e da selecção natural, destruindo qualquer ser que se afaste do tipo apropriado; mas se as suas condições de vida mudam e estes sofrem modificações, a uniformidade de carácter apenas pode ser dada à sua prole modificada através da preservação das mesmas variações favoráveis pela selecção natural.

O isolamento, além disso, é um elemento importante no processo da selecção natural. Numa área restrita ou isolada, se não for muito vasta, as condições orgânicas e inorgânicas de vida terão em geral um elevado grau de uniformidade; pelo que a selecção natural tenderá a modificar todos os indivíduos de uma espécie variante ao longo dessa área da mesma maneira relativamente às mesmas condições. Os entrecruzamentos, além disso, com os indivíduos da mesma espécie, que de contrário teriam habitado as zonas circundantes, com circunstâncias diferentes, serão impedidos. Mas o isolamento age provavelmente de uma maneira mais eficaz restringindo a imigração de organismos mais bem adaptados, depois de qualquer mudança física, por exemplo do clima ou do relevo do terreno, etc., e assim abrem-se novos espaços na economia natural da região, para que os velhos habitantes lutem por eles e se lhes adaptem, através de modificações na sua estrutura e constituição.





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