A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 171 / 524

Esta relação tem um significado claro na minha perspectiva acerca do assunto: a meu ver, todas as espécies do mesmo género descendem de um mesmo progenitor, tão seguramente como os dois sexos de qualquer uma das espécies. Consequentemente, fosse qual fosse a parte da estrutura do progenitor comum ou dos seus primeiros descendentes que se tornou variável, as variações dessa parte seriam, é altamente provável, aproveitadas pela selecção natural e sexual para adaptar as diversas espécies aos lugares distintos que ocupam na economia da natureza e, analogamente, adaptar um ao outro os dois sexos da mesma espécie, os machos e as fêmeas a hábitos de vida diferentes, os machos ao combate com outros machos pela posse das fêmeas.

Por fim, concluo que a maior variabilidade dos caracteres específicos, os que distinguem espécies de outras espécies, além dos caracteres genéricos, os que as espécies têm em comum; que a frequente variabilidade extrema de qualquer parte extraordinariamente desenvolvida numa espécie por comparação com a mesma parte nas suas congéneres; e o grau de variabilidade não muito elevado numa parte, por muito extraordinariamente desenvolvida que seja, se comum a todo um grupo de espécies; que a grande variabilidade dos caracteres sexuais secundários e a grande quantidade de diferença nestes mesmos caracteres entre espécies intimamente próximas; que as diferenças sexuais secundárias e as diferenças específicas comuns normalmente visíveis nas mesmas parte da organização - são todos princípios intimamente associados. Todos se devem sobretudo ao facto de as espécies do mesmo grupo descenderem de um progenitor comum, de quem herdaram muito em comum; ao facto de as partes que sofreram muita variação recentemente serem mais susceptíveis





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