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Capítulo 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA

Página 200
que parece mais evidente do que os longos dedos dos pés das pernaltas serem formados para caminhar sobre pântanos e plantas flutuantes, porém a galinha-de-água é quase tão aquática como o galeirão; e o francolim é quase tão terrestre como a codorniz ou a perdiz. Nesses casos, e poder-se-ia apresentar muitos outros, os hábitos mudaram sem uma correspondente mudança de estrutura. Pode-se afirmar que os pés membranosos do ganso-das-terras-altas se tornaram funcional mas não estruturalmente rudimentares. Na ave-fragata, a membrana profundamente sulcada entre os dedos dos pés mostra que a estrutura começou a mudar.

Quem acredita em inumeráveis actos distintos de criação afirmará que, nestes casos, agradou ao Criador fazer que um ser de um tipo tomasse o lugar de um ser de outro tipo; mas isto parece-me apenas reafirmar o facto em linguagem solene. Quem acredita na luta pela existência e no princípio da selecção natural, reconhecerá que todo o ser orgânico faz um esforço constante para aumentar numericamente; e que se qualquer ser varia muito ligeiramente, em hábitos ou em estrutura, ganhando assim uma vantagem sobre outro habitante da região, tomará o lugar desse habitante, por muito diferente que este possa ser do seu próprio lugar. Portanto, não ficará surpreendido por haver gansos e aves-fragata com pés membranosos, que ou vivem em terra seca ou muitíssimo raramente pousam na água; por haver codornizões com dedos compridos, que vivem em prados em vez de pântanos; por haver pica-paus onde não crescem árvores; por haver tordos que mergulham e petréis com hábitos de tordas-mergulheiras.

Órgãos de extrema perfeição e complexidade. - Confesso abertamente que a suposição de que o olho, com todos os seus inimitáveis apetrechos

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pág. 200 (Capítulo 7)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 200

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491