A ilustração da bexiga-natatória nos peixes é uma boa ilustração, porque nos mostra claramente o facto muitíssimo importante de que um órgão originalmente construído para uma finalidade, isto é, a flutuação, pode ser convertido noutro órgão para uma finalidade inteiramente diferente, isto é, a respiração. A bexiga-natatória foi, além disso, integrada como um acessório aos órgãos auditivos de certos peixes, ou, pois não sei que perspectiva é hoje geralmente aceite, uma parte do mecanismo auditivo foi integrada como complemento da bexiga-natatória. Todos os fisiólogos admitem que a bexiga-natatória é homóloga, ou «idealmente similar», em posição e estrutura, aos pulmões dos animais vertebrados superiores, pelo que me parece não haver grande dificuldade em acreditar que a selecção natural converteu efectivamente uma bexiga-natatória num pulmão, ou num órgão exclusivamente usado para respirar.
Na verdade, dificilmente poderei duvidar de que todos os animais vertebrados que têm pulmões genuínos descendem por geração comum de um protótipo antigo; do qual nada sabemos, munido de um mecanismo de flutuação ou bexiga-natatória.