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Capítulo 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA

Página 204
Permita-se que este processo continue durante milhões e milhões de anos; em milhões de indivíduos de muitos tipos a cada ano; não poderemos acreditar que assim se poderia formar um instrumento óptico vivo, superior a um de vidro, como as obras do Criador são superiores às do homem?

Se pudesse ser demonstrada a existência de qualquer órgão complexo, que nunca se pudesse ter formado por numerosas, sucessivas e ligeiras modificações, a minha teoria desmoronar-se-ia completamente. Mas não consigo descobrir qualquer caso semelhante. Sem dúvida que existem muitos órgãos dos quais não conhecemos os graus transicionais, mais especialmente se observamos espécies muito isoladas, em redor das quais, segundo a minha teoria, houve muita extinção. Ou, mais uma vez, se olhamos para um órgão comum a todos os membros de uma grande classe, pois neste último caso o órgão tem de se ter formado pela primeira vez num período extremamente remoto, a partir do qual todos os muitos membros da classe se desenvolveram; e, de maneira a descobrir os graus transicionais primitivos por que o órgão passou, teríamos de observar formas ancestrais bastante antigas, que há muito se extinguiram.

Deveríamos ser extremamente cuidadosos ao concluir que um órgão não poderia ter sido formado por gradações transicionais de tipo algum. Poder-se-ia apresentar numerosos exemplos, entre os animais inferiores, de realização simultânea pelo mesmo órgão de funções completamente distintas; assim, na larva da libélula e no peixe Cobites, o tubo digestivo respira, digere e excreta. Na hidra, o animal pode virar-se do avesso e a superfície exterior irá então digerir e o estômago respirar. Em tais casos, a selecção natural poderia facilmente especializar, se daí resultasse alguma vantagem, uma parte ou órgão que antes realizava duas funções, para realizar uma função apenas, modificando assim inteiramente a sua natureza por etapas imperceptíveis.

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pág. 204 (Capítulo 7)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 204

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491