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Capítulo 7: CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA

Página 217
Nenhum órgão se formará, como observou Paley, com o propósito de causar dor ao seu possuidor ou lesá-lo. Se se encontrar um equilíbrio razoável entre o bem e o mal causados por cada parte, cada qual será considerado em geral vantajoso. Após o intervalo de tempo, sob condições de vida variáveis, se alguma parte vier a ser prejudicial, será modificada; ou, se não o for, o ser extinguir-se-á, como miríades se extinguiram.

A selecção natural tende apenas a fazer cada ser orgânico tão perfeito como, ou ligeiramente mais perfeito do que, os outros habitantes da mesma região com os quais tem de lutar pela existência. E vemos que este é o grau de perfeição obtido em estado de natureza. As produções endémicas da Nova Zelândia, por exemplo, são perfeitas quando comparadas entre si; mas cedem rapidamente hoje ante o avanço das legiões de plantas e animais introduzidas a partir da Europa. A selecção natural não produzirá a perfeição absoluta, tão-pouco nos deparamos sempre, tanto quanto sabemos, com este elevado padrão em estado de natureza. Segundo fontes fidedignas, a correcção da aberração da luz não é perfeita mesmo naquele órgão perfeitíssimo, o olho. Se a nossa razão nos leva a admirar com entusiasmo uma multidão de apetrechos na natureza, esta mesma razão diz-nos, embora possamos facilmente errar em ambos os lados, que alguns mecanismos são menos perfeitos. Poderemos considerar perfeito o ferrão da vespa ou da abelha, o qual, quando usado contra muitos animais hostis, não pode ser retirado, devido às serrilhas retrógradas, causando assim inevitavelmente a morte do insecto arrancando-lhe as vísceras?

Se olhamos para o ferrão da abelha como tendo existido originalmente num progenitor remoto como instrumento de perfuração serreado,

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pág. 217 (Capítulo 7)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 217

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491