A Origem das Espécies - Cap. 8: CAPÍTULO VII
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F. Smith, de numerosos espécimes do mesmo ninho da formiga-safari (Anomma) da África Ocidental. O leitor talvez aprecie melhor a quantidade de diferença nestas operárias se, em vez das dimensões efectivas, eu apresentar uma ilustração estritamente precisa: a diferença seria a mesma que se observássemos um conjunto de trabalhadores a construir uma casa, muitos com um metro e sessenta de altura e outros tantos com quatro metros e oitenta de altura; mas temos de supor que os trabalhadores maiores teriam cabeças quatro e não três vezes maiores do que as dos homens mais pequenos e maxilas quase cinco vezes maiores. Além disso, a forma das maxilas nas formigas operárias de diversos tamanhos diferiam maravilhosamente, e também na forma e número dos dentes. Mas o facto importante para nós é que, embora as operárias possam ser agrupadas em castas de diferentes tamanhos, transitam gradativa e imperceptivelmente de umas para outras, como sucede com a estrutura muito diferente das suas mandíbulas. Falo confiantemente sobre este último ponto, visto que o Sr. Lubbock me fez com a câmara clara desenhos das mandíbulas que dissequei de operárias de diversos tamanhos.

Perante estes factos, creio que a selecção natural, ao actuar sobre as antecessoras férteis, podia formar uma espécie que produzisse regularmente indivíduos assexuados, ou todos muito grandes com uma só forma de mandíbula, ou todos muito pequenos com mandíbulas de estrutura muito diferente; ou, por último, e este é o ponto culminante da nossa dificuldade, um conjunto de operárias com um certo tamanho e estrutura e, ao mesmo tempo, outro conjunto de operárias com um tamanho e estrutura diferentes - tendo-se primeiro formado uma série gradativa, como no caso da formiga-safari,





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