A Origem das Espécies - Cap. 10: CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO Pág. 332 / 524

Não deveriam esquecer que apenas se conhece com precisão uma pequena parte do mundo. O Sr. Barrande acrescentou recentemente ao sistema siluriano outra etapa inferior, abundante em espécies novas e peculiares. Detectou-se vestígios de vida nas camadas de Longrnynd, sob a chamada «zona primordial», de Barrande. A presença de nódulos fosfáticos e matéria betuminosa em algumas das mais baixas rochas azóicas provavelmente indicia a existência anterior de vida nestes períodos. Mas a dificuldade de compreender a ausência de vastas pilhas de estratos fossilíferos, que segundo a minha teoria indubitavelmente se acumularam antes da época siluriana, é enorme. Se estas camadas antiquíssimas tivessem sido completamente desgasta das pela erosão, ou obliteradas pela acção metamórfica, devíamos encontrar apenas pequenos vestígios das formações imediatamente seguintes, e estas deveriam encontrar-se muito geralmente numa condição metamorfoseada. Mas as descrições que hoje temos dos depósitos silurianos sobre territórios imensos na Rússia e na América do Norte, não sustentam a perspectiva de que quanto mais antiga é uma formação, mais sofreu a extrema intensidade da erosão e do metamorfismo.

O caso, por enquanto, tem de permanecer inexplicável; e pode ser genuinamente apresentado como um argumento válido contra as perspectivas aqui adoptadas. Para mostrar que pode futuramente' receber uma explicação, apresentarei a hipótese seguinte. Pela natureza dos vestígios orgânicos que não parecem ter habitado zonas muito profundas, nas diversas formações da Europa e dos Estados Unidos; e pela quantidade de sedimento, com milhas de espessura, de que se compõem as formações, podemos inferir que, da primeira à última das grandes ilhas ou extensões de terra de onde veio o sedimento, todas ocorreram na proximidade dos continentes existentes, europeu e norte-americano.





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