Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO

Página 514

Recapitulei os principais factos e considerações que me convenceram completamente de que as espécies se modificaram e ainda se modificam lentamente por meio da preservação e acumulação de sucessivas pequenas variações favoráveis. Por que razão, poder-se-á perguntar, todos os mais ilustres naturalistas e geólogos vivos rejeitaram esta perspectiva da mutabilidade das espécies? Não se pode afirmar que os seres orgânicos em estado de natureza não estão sujeitos a qualquer variação; não se pode provar que a quantidade de variação no decorrer de longas épocas é uma quantidade limitada; nenhuma distinção clara se fez ou pode fazer entre espécies e variedades bem marcadas. Não se pode sustentar que as espécies quando entrecruzadas são invariavelmente estéreis e as variedades invariavelmente férteis; ou que a esterilidade é uma dotação especial e indício de criação. A crença de que as espécies eram produções imutáveis foi quase inevitável enquanto se pensava que a história do mundo não era muito longa; e agora que adquirimos alguma ideia do intervalo de tempo, somos demasiado propensos a aceitar sem provas que o registo geológico é tão perfeito que nos teria proporcionado indícios evidentes da mutação das espécies, se estas tivessem sofrido mutação.

Mas a principal causa da nossa indisposição natural para admitir que uma espécie deu origem a outra espécie distinta é sermos sempre lentos a admitir qualquer grande mudança da qual não observamos as etapas intermédias. A dificuldade é a mesma sentida por tantos geólogos, quando Lyell insistiu pela primeira vez que longas linhas de escarpas interiores se tinham formado, e grandes vales escavado através da acção lenta das ondas costeiras. A mente não consegue de modo algum captar o significado completo do termo «cem milhões de anos»; não pode somar e percepcionar a totalidade dos efeitos de muitas variações ligeiras, acumuladas durante um número quase infinito de gerações.

<< Página Anterior

pág. 514 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 514

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491