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Capítulo 3: CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA

Página 52
Estes factos parecem muito desconcertantes, pois aparentemente mostram que este tipo de variabilidade é independente das condições de vida. Inclino-me a suspeitar que observamos nestes géneros polimórficos variações em aspectos de estrutura que nem são úteis nem prejudiciais às espécies e que, consequentemente, não foram aproveitadas e tornadas definitivas pela selecção natural, como mais tarde se explicará.

As formas que, num grau considerável, têm o carácter de espécies, mas que se assemelham tão intimamente a outras formas ou lhes são tão intimamente próximas por gradações intermédias que os naturalistas não gostam de as classificar como espécies distintas, têm, em diversos aspectos, a máxima importância para nós. Temos todas as razões para crer que muitas destas formas duvidosas e intimamente próximas conservaram permanentemente os seus caracteres, na sua própria região, durante muito tempo; tanto tempo, ao que sabemos, quanto as espécies genuínas. Na prática, quando um naturalista pode ligar duas formas entre si por meio de outras formas com caracteres intermédios, trata uma como variedade da outra, classificando como espécie a mais comum, embora por vezes a primeira a ser descrita, e a outra como variedade. Mas por vezes ocorrem casos de grande dificuldade, que não irei enumerar aqui, ao decidir classificar ou não uma forma como variedade de outra, mesmo quando estão intimamente associadas por elos intermédios; nem sempre a comummente pressuposta natureza híbrida dos elos intermédios eliminará a dificuldade. Em muitíssimos casos, todavia, uma forma é classificada como variedade de outra, não porque os elos intermédios tenham sido efectivamente descobertos, mas porque a analogia leva o observador a supor ou que eles existem hoje em algum local, ou que podem ter existido no passado; e aqui se abre uma ampla passagem à dúvida e à conjectura.

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pág. 52 (Capítulo 3)

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 52

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491