A Origem das Espécies - Cap. 3: CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA Pág. 51 / 524

Jamais esperaria que a ramificação dos nervos principais perto do grande gânglio central de um insecto fosse variável na mesma espécie; esperaria que mudanças desta natureza só se pudessem realizar por etapas muito lentas: no entanto, muito recentemente, o Sr. Lubbock mostrou um grau de variabilidade nestes nervos principais no coccus, que quase pode ser comparado à ramificação irregular de um tronco de árvore. Posso acrescentar que este filosófico naturalista mostrou também recentemente que os músculos das larvas de certos insectos estão muito longe de serem uniformes. Os autores por vezes argumentam em círculo quando afirmam que os órgãos importantes nunca variam; pois estes mesmos autores praticamente classificam como importantes (como um ou outro naturalista confessou honestamente) os caracteres que não variam; deste ponto de vista, nunca se encontrará um exemplo de uma parte importante que varie: mas a partir de outro ponto de vista seguramente se pode dar muitos exemplos.

Há um aspecto ligado às diferenças individuais que me parece extremamente desconcertante: refiro-me aos géneros a que por vezes se chamou «proteiformes» ou «polimórficos», cujas espécies apresentam uma quantidade excessiva de variação; dificilmente dois naturalistas concordam a respeito de quais destas formas classificar como espécies e quais classificar como variedades. Podemos citar como exemplo os géneros Rubus, Rosa e Hieracium entre as plantas, diversos géneros de insectos e diversos géneros de moluscos braquiópodes. Na maioria dos géneros polimórficos, algumas espécies têm caracteres definidos e fixos. Os géneros polimórficos numa região são aparentemente, com raras excepções, polimórficos noutras regiões, e também em períodos anteriores, a julgar pelos moluscos braquiópodes.





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