Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA

Página 74
Se um animal pode de alguma maneira proteger os seus próprios ovos ou crias, podem ser produzidas em pequeno número e manter-se ainda assim a população média; mas se muitos ovos ou crias forem destruídos, muitos têm de ser produzidos, ou a espécie extinguir-se-á. Seria suficiente, para manter o número total de exemplares de uma árvore, cuja longevidade média fosse de mil anos, produzir-se uma única semente em cada mil anos, supondo que esta semente nunca seria destruída e que se pudesse garantir a sua germinação num local apropriado. Assim, em todos os casos, o número médio de qualquer animal ou planta só indirectamente depende do número dos seus ovos ou sementes.

Ao observar a natureza, é acima de tudo necessário manter sempre presente as considerações anteriores - nunca esquecer que de cada ser orgânico singular à nossa volta se pode afirmar que se esforça ao máximo por crescer numericamente; que cada um vive através de uma luta num dado período da sua vida; que uma pesada destruição atinge inevitavelmente os jovens ou os velhos, em cada geração ou em intervalos recorrentes. Atenue-se qualquer obstáculo, mitigue-se a destruição por pouco que seja, e quase de imediato a espécie crescerá numericamente, quase sem limite. Pode-se comparar o rosto da natureza a uma superfície maleável, com dez mil cunhas afiadas apertadas juntas e impelidas para dentro por golpes incessantes, por vezes atingindo-se uma cunha e depois outra com maior força.

Aquilo que restringe a tendência natural de cada espécie para crescer numericamente é muitíssimo obscuro. Observe-se a espécie mais vigorosa; a sua tendência para proliferar é directamente proporcional à sua abundância numérica. Não sabemos exactamente quais as restrições, mesmo num só caso.

<< Página Anterior

pág. 74 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 74

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491