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Capítulo 4: CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA

Página 81
A proliferação destas moscas, numerosas como são, tem de ser amiúde restringida através de algum meio, provavelmente pelas aves. Por isso, se certas aves insectívoras (cuja abundância é provavelmente regulada por falcões ou outros predadores) crescessem numericamente no Paraguai, as moscas decresceriam - então, o gado bovino e os cavalos tornar-se-iam selvagens, o que traria sem dúvida (como efectivamente observei em partes da América do Sul) alterações profundas na vegetação: isto, mais uma vez, afectaria em grande medida os insectos; e isto afectaria, como acabámos de ver em Staffordshire, as aves insectívoras, e assim sucessivamente, numa interminável espiral de complexidade crescente. Iniciámos esta série com aves insectívoras e terminámo-la com elas. Não se trata de as relações nunca poderem ser assim tão simples na natureza. É forçoso que um número cada vez maior de batalhas se repita com resultados diferentes; e, no entanto, a longo prazo, as forças são tão admiravelmente equilibradas que o rosto da natureza permanece uniforme durante períodos de tempo longos, ainda que seguramente a mais pequena insignificância muitas vezes resultasse na vitória de um ser orgânico sobre outro. Não obstante, tão profunda é a nossa ignorância e tão elevada a nossa presunção que ficamos surpreendidos ao tomar conhecimento da extinção de um ser orgânico; e, como não vemos a causa, invocamos cataclismos para desolar o mundo, ou inventamos leis sobre a duração das formas de vida!

Sinto-me tentado a apresentar mais um exemplo, que mostra como as plantas e animais mais remotos na escala da natureza estão ligados por uma teia de relações complexas. Terei posteriormente ocasião de mostrar que a exótica Lobelia fulgens, nesta parte de Inglaterra, nunca é visitada por insectos e, consequentemente, devido à sua estrutura peculiar, nunca pode produzir uma semente.

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Capa do livro A Origem das Espécies
Páginas: 524
Página atual: 81

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO
7
CAPÍTULO II
VARIAÇÃO EM ESTADO DE NATUREZA
49
CAPÍTULO III
LUTA PELA EXISTÊNCIA
67
CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL
88
CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO
143
CAPÍTULO VI
DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA TEORIA
184
CAPÍTULO VII
INSTINTO
223
CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO 263
CAPÍTULO IX
SOBRE A INPERFEIÇÃO DO REGISTO GEOLÓGICO
302
CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS
336
CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
372
CAPÍTULO XII
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA (continuação)
411
CAPÍTULO XIII
AFINIDADES MÚTUAS DOS SERES ORGÂNICOS. MORFOLOGIA. EMBRIOLOGIA. ÓRGÂOS RUDIMENTARES.
441
CAPÍTULO XIV
RECAPITULAÇÃO E CONCLUSÃO
491