Tampouco existe, sempre do ponto de vista material, nada, que valha a pena. Com o estabelecimento de economias auto- suficientes, nas quais a produção e o consumo se equilibram, a luta pelos mercados - causa principal das guerras anteriores - desapareceu, ao passo que a procura das matérias primas não é mais caso de vida ou morte. Cada um dos três superestados é tão vasto que possui em seu próprio território quase todos os materiais de que necessita. Na medida em que a guerra tem objetivo econômico direto, é uma guerra pela mão de obra. Entre as fronteiras dos superestados, e não permanentemente de posse de nenhum, há um tosco quadrilátero cujos ângulos são Tanger, Brazzaville, Darwine Hong Kong, contendo aproximadamente um quinto da população da terra. É pela Posse dessas regiões densamente povoadas, e da calota polar setentrional, que as três potências vivem em guerra. Na prática, nenhuma jamais controla toda a área contestada. Partes dela mudam de mãos constantemente, e é a casualidade de se apoderar deste ou daquele fragmento, por um repentino golpe de traição, que dita a incessante modificação dos aliados.
Todos os territórios disputados contêm valiosos minerais, e alguns produzem importantes produtos vegetais, tais como borracha, que nos climas mais frios é necessário sintetizar por métodos relativamente caros. Acima de tudo, porém, contêm uma prodigiosa reserva de mão de obra barata. Quem quer que controle a África equatorial, ou os países do Oriente Médio, ou a índia meridional, ou o arquipélago indonésio, dispõe também de massas de dezenas ou centenas de milhões de peões diligentes e mal-pagos. Os habitantes dessas regiões, reduzidos mais ou menos abertamente à condição de escravos, passam continuamente de conquistador a conquistador e são gastos, como o carvão ou o petróleo, na corrida para produzir mais armamentos, capturar mais território, controlar mais braços, para produzir mais armamentos, para capturar mais território e assim infinitamente.