Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 
> > > Página 203

Capítulo 17: Capítulo XVII

Página 203
Este plano, evidentemente, é puro castelo no ar, impossível de realizar. Além disso, não há combate algum, exceto nas zonas contestadas, em torno do Equador e do Polo Norte; jamais se empreende qualquer invasão de território inimigo. Isto explica o fato de serem arbitrárias em muitos pontos as fronteiras entre os super-estados. A Eurásia, por exemplo, poderia facilmente conquistar as Ilhas Britânicas, que geograficamente fazem parte da Europa, e por outro lado seria possível a Oceania levar suas fronteiras até o Reno ou o Vístula. Mas isto violaria o princípio de integração cultural, respeitado por todos os lados, embora jamais formulado. Se a Oceania conquistasse as regiões outrora conhecidas por França e Alemanha, seria necessário, ou exterminar os habitantes, tarefa de enorme dificuldade física, ou assimilar uma população de uns cem milhões de pessoas que, no que se refere ao desenvolvimento técnico, estão mais ou menos no nível da Oceania. O problema é o mesmo para os três super-estados. É absolutamente necessária, para sua estrutura, que não haja contacto com estrangeiros, exceto, limitadamente, com prisioneiros de guerra e escravos de cor. Mesmo o aliado oficial de hoje é considerado com suspeita. Além dos prisioneiros de guerra, o cidadão médio da Oceania jamais põe olhos num cidadão da Eurásia ou da Lestásia, sendo-lhe proibido aprender línguas estrangeiras. Se lhe fosse permitido o contacto com os forasteiros, descobriria que são criaturas semelhantes e que é mentira a maior parte do que ouviu a respeito deles. Acabar-se-ia o mundo fechado em que vive, e se evaporariam o medo, o ódio, e o sentido de razão permanente, de que depende o seu moral. É portanto admitido por todos os lados que, não obstante a frequência com que a Pérsia, o Egito, Java ou Ceilão mudam de mãos, as fronteiras básicas não devem nunca ser atravessadas, salvo pelas bombas.

<< Página Anterior

pág. 203 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro 1984
Páginas: 309
Página atual: 203

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo I 1
Capítulo II 20
Capítulo III 29
Capítulo IV 38
Capítulo V 50
Capítulo VI 66
Capítulo VII 72
Capítulo VIII 85
Capítulo IX 108
Capítulo X 120
Capítulo XI 130
Capítulo XII 141
Capítulo XIII 152
Capítulo XIV 162
Capítulo XV 165
Capítulo XVI 173
Capítulo XVII 185
Capítulo XVIII 235
Capítulo XIX 249
Capítulo XX 270
Capítulo XXI 284
Capítulo XXII 293
Capítulo XXIII 298