Isto é, o problema é educacional. É um problema de moldar continuamente a consciência tanto do grupo dirigente como do grupo executivo, mais amplo, que fica logo abaixo dele. - A consciência das massas precisa ser influenciada apenas de modo negativo. Dados estes esclarecimentos, poder-se-ia inferir, se já não se conhecesse, a estrutura geral da sociedade oceânica.
No alto da pirâmide está o Grande Irmão. O Grande Irmão é onipotente. Cada sucesso, realização, vitória, descobrimento científico, toda sabedoria, sapiência, virtude, felicidade, são atribuídos diretamente à sua liderança e inspiração. Ninguém nunca viu o Grande Irmão. É uma cara nos tapumes, uma voz das teletelas. Podemos ter razoável certeza de que nunca morrerá, e já existe considerável incerteza da data em que nasceu. O Grande Irmão é a forma em que o Partido resolveu se apresentar ao mundo. Sua função é a de ponte focal para o amor, medo, reverência, emoções que podem mais facilmente ser sentidas em relação a um indivíduo do que a uma organização. Abaixo do Grande Irmão vem o Partido Interno, com seus seis milhões de membros, ou seja, menos de dois por cento da população da Oceania. Abaixo do Partido Interno vem o Externo, que pode ser chamado de mãos do Estado, se ao primeiro se atribuir o papel de cérebro. Abaixo dele vem a massa muda a que nos referimos habitualmente por "proles" e que talvez constitua oitenta e cinco por cento da população. Nos termos da nossa classificação anterior, os proles são a Baixa, pois a população escrava das terras equatoriais, que constantemente trocam de mãos, não é parte permanente nem necessária da estrutura.
Em princípio, não é hereditária a participação em qualquer dos três grupos.