O Mundo Perdido - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 101 / 286

- Que se passa?-perguntei.

- Tambores - respondeu-me Lorde John com despreocupação. - Tambores de guerra. Já os ouvi da outra vez.

- Sim, senhor, tambores de guerra! - confirmou Gomez, o mestiço. - Índios selvagens. Vigiam-nos. Vão matar-nos se puderem.

- Como podem eles vigiar-nos? - interroguei, apontando a floresta sombria e imóvel.

O mestiço encolheu os ombros:

- Os índios sabem. Têm os seus métodos. Vigiam-nos. Falam uns com os outros pelos tambores. Vão matar-nos se puderem.

Na tarde desse mesmo dia, que era terça-feira 18 de Agosto, pelo menos seis ou sete tambores bateram simultaneamente em sítios diferentes. Por vezes batiam rapidamente, por vezes lentamente, por vezes sob a forma evidente de pergunta e resposta: um partia para leste com um crepitar sacudido e era sacudido pouco depois por um rufar grave na direcção norte. Neste incessante ribombar, que parecia as próprias palavras do mestiço. (Vamos mata-los se pudermos! Vamos matá-los se pudermos!), havia algo que agitava os nervos com uma insistência perfeitamente desagradável. Nos bosques silenciosos, continuávamos a não ver ninguém mexer-se. Toda a paz e calma da natureza expressavam-se nesta cortina escura de vegetação, mas algo por detrás dela murmurava a mensagem de morte: «Vamos matá-los se pudermos!", dizia o homem de leste. E o homem do norte confirmava; «Vamos matá-los se pudermos!".

Durante todo o dia os tambores berraram ameaças que se reflectiam nas caras dos nossos companheiros de cor.





Os capítulos deste livro