O Mundo Perdido - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 109 / 286

A estrada continuava a subir. Necessitámos de dois dias para atravessar uma encosta eriçada de rochedos. A vegetação tinha-se transformado de novo e apenas subsistiam árvores de marfim vegetal assim como uma abundância de orquídeas, entre as quais aprendi a distinguir a rara muttonia vexilária , as flores rosadas ou escarlates da catleia e o odontoglossum. Ribeiros de fundo pedregoso e margens forradas com fetos grugulejavam nas ravinas e ofereciam-nos recantos propícios aos nossos acampamentos nocturnos; enxames de peixinhos de cor azul-escura, com o tamanho das trutas inglesas, forneciam-nos uma refeição deliciosa.

No nono dia após termos abandonado as canoas, Havíamos

avançado pouco mais ou menos 200 quilómetros. Começámos então a sair da zona de árvores para deparar-se-nos uma imensa extensão desértica de bambus tão espessos que tivemos de talhar o nosso caminho com os machados e os podões dos índios. Isto ocupou-nos um dia inteiro, desde as sete da manhã até às oito da noite, apenas com duas pausas de uma hora cada; lográmos, por fim, ultrapassar este obstáculo.

Nada de mais monótono e de mais cansativo, porque não podíamos ver além de dez ou doze metros à nossa frente quando efectuávamos uma abertura. A minha visibilidade era, de facto, limitada às costas de Lorde John que caminhava diante de mim, e a uma muralha amarela que me sufocava tanto à direita como à esquerda.





Os capítulos deste livro